quarta-feira, 10 de novembro de 2010

domingo, 18 de julho de 2010

Delirium Tremens

A Síndrome de Abstinência Alcoólica corresponde às mudanças pelas quais o corpo passa quando uma pessoa subitamente deixa de beber depois de usar álcool de forma intensa e prolongada. Os sintomas incluem tremores, insônia, ansiedade e outros sintomas físicos e mentais.
O Álcool tem um efeito lentificador no cérebro (também chamado efeito sedativo ou efeito depressor). Em uma pessoa que bebe muito, a longo prazo, o cérebro é exposto quase continuamente ao efeito depressor do álcool.
Com o passar do tempo, o cérebro ajusta sua própria química para compensar este efeito. Ele faz isso através da produção de substâncias químicas naturalmente estimulantes (como a serotonina ou a noradrenalina - que são “parentes” da adrenalina) em quantidades maiores que as normais.
A forma mais perigosa de abstinência alcoólica acontece em uma em cada 20 pessoas que têm síndrome de abstinência. Esta condição é chamada Delirium Tremens. No Delirium Tremens, o cérebro não pode reajustar sua química lentamente depois que o uso álcool foi interrompido. Isto cria um estado de confusão temporária e leva a perigosas mudanças na maneira como o cérebro regula a circulação e a respiração.
Os sinais vitais do corpo como sua freqüência cardíaca ou a pressão sanguínea podem mudar drasticamente, de forma imprevisível, levando ao risco de ataque do coração, derrame cerebral ou morte.
Quadro Clínico

Se o cérebro já está acostumado aos hábitos da pessoa que bebe muito, ele pode levar algum tempo para se ajustar novamente. A síndrome de abstinência ao álcool ocorre em um padrão previsível depois da última bebida alcoólica. Nem todos os sintomas se desenvolvem em todos os pacientes:
Tremores – Os tremores normalmente começam entre 5 e 10 horas após a última bebida e alcançam o máximo entre 24 e 48 horas. Junto com os tremores, pode haver taquicardia (pulso rápido), aumento da pressão sanguínea, respiração rápida, sudorese, náuseas, vômitos, ansiedade ou um estado de alerta hiperativo, irritabilidade, pesadelos, além de insônia.
Alucinações – Este sintoma normalmente começa dentro de 12 a 24 horas depois da última bebida, e pode durar até dois dias após ter começado. Se isto acontecer, a pessoa alucina (vê ou sente coisas que não são reais). É comum às pessoas que estão abstinentes do álcool verem múltiplos objetos pequenos, semelhantes, se movimentando. Às vezes a visão é de insetos rastejando, estrelinhas piscando ou moedas caindo. É possível que uma alucinação na abstinência alcoólica seja uma visão muito detalhada e imaginativa.
Ataques epiléticos da abstinência alcoólica - Ataques epiléticos podem acontecer de 6 a 48 horas após a última bebida, e é comum vários ataques epiléticos acontecerem por várias horas. O pico de risco é de 24 horas. Em geral eles são ataques epiléticos do tipo tônico-clônicos (como no mal epilético).
Delirium Tremens - O delirium tremens começa geralmente de dois a três dias depois da última bebida, mas pode demorar mais de uma semana para aparecer. Sua intensidade de pico normalmente alcança quatro a cinco dias da última bebida. Esta condição causa alterações perigosas na respiração, na circulação e no controle de temperatura. Pode fazer o coração bater muito rápido ou pode fazer a pressão sanguínea aumentar dramaticamente; e pode causar desidratação perigosa. O delirium tremens também pode reduzir temporariamente a quantidade de fluxo de sangue ao cérebro. Os sintomas podem incluir confusão mental, desorientação, estupor ou perda de consciência, comportamento agressivo, convicções irracionais, sudorese, perturbações do sono e alucinações.
Diagnóstico

A abstinência alcoólica é fácil de se diagnosticar se a pessoa tiver sintomas típicos que aparecem depois que ela deixa de beber de forma “pesada”, habitual. Se o paciente tiver uma experiência no passado de ter tido síndrome de abstinência, é provável que venha a devolver se novamente interromper a bebida subitamente. Não há nenhum exame específico que possa ser usado para diagnosticar a síndrome de abstinência alcoólica.
Se o paciente já teve outros episódios de síndrome de abstinência alcoólica, significa que ele já consumiu álcool o bastante para ter danificado outros órgãos. É preciso discutir com o médico sobre este problema para que ele possa examinar cuidadosamente a pessoa.
Ele irá solicitar exames de sangue para verificar o quanto o álcool causou lesão ao fígado, ao coração, aos nervos dos pés, às células do sangue, e ao trato gastrintestinal. Ele irá avaliar a dieta que o paciente habitualmente consome e irá checar as deficiências de vitamina que possam existir, pois a desnutrição é comum quando alguém é dependente do álcool.
Normalmente é difícil para as pessoas que bebem serem completamente honestas sobre o quanto elas têm bebido. É preciso que a pessoa informe a história do consumo de álcool para que ela assim possa ser tratada seguramente da síndrome de abstinência.
Prevenção

O alcoolismo é causado por muitos fatores. Se a pessoa tiver um irmão ou pai com alcoolismo, ela tem três a quatro vezes mais probabilidade de desenvolver o alcoolismo que a média da população. Algumas pessoas com histórias familiares de alcoolismo escolhem se privar de beber, pois desta forma garantem que o hábito não se desenvolva. Muitas pessoas sem uma história familiar também desenvolvem alcoolismo. Se a pessoa tem se preocupado com a quantidade de bebida que tem consumido, ela deve conversar com seu médico.
Tratamento

Se a pessoa tiver vômitos severos, ataques epiléticos ou Delirium Tremens, o lugar mais seguro para ela ser tratada é em um hospital. Para o Delirium Tremens, o tratamento em uma Unidade de Cuidados Intensivos (UTI) é freqüentemente indicado. Em uma UTI, a freqüência cardíaca, a pressão sanguínea e a freqüência respiratória serão monitoradas de perto no caso de ser necessário um suporte de vida de emergência (como respirar artificialmente por uma máquina).
A maioria das pessoas que consome muito álcool e que estão tendo síndrome de abstinência tem uma escassez de várias vitaminas e minerais e podem beneficiar de suplementos nutricionais. Em particular, o abuso do álcool pode criar uma escassez de folato, de tiamina, de vitamina B12, de magnésio, de zinco e de fosfato. O álcool também pode causar baixos níveis de açúcar no sangue.
Recomenda-se que um especialista (psiquiatra) ajude nos cuidados de uma pessoa que está com abstinência alcoólica.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Conhecendo os efeitos nocivos do álcool na saúde

Dentro de nosso organismo, o álcool possui um efeito sedativo que age diretamente no sistema nervoso autônomo, (que controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura, digestão e o equilíbrio das funções de todo o corpo), provocando relaxamento nos músculos.

Compreendendo este fato, fica mais fácil entender o porquê das pessoas embriagadas pelo álcool falarem de forma tão lenta e confusa ou, até mesmo, caírem no sono quando bebem além da conta.

Entretanto, em pequenas doses, a influência da bebida alcoólica geralmente pode ser um pouco estimulante pelo fato desta relaxar a tensão diária e de fazer com que as pessoas se sintam mais abertas com os outros.

O que a grande maioria das pessoas que bebem não sabem, é que o maior problema com o álcool são os efeitos psicológicos causados por ele.

A bebida alcoólica pode interferir drasticamente no funcionamento da memória, fato que ocorre freqüentemente com pessoas que bebem exageradamente por um longo período de tempo.

Esta interferência faz com que as pessoas dominadas por este vício percam completamente sua capacidade de armazenar suas memórias recentes. Esta condição é conhecida como síndrome de Korsakoff, e pode ser muito perturbadora.

Além disso, o álcool também prejudica a capacidade de julgamento, ou seja, independente da pessoa ter bebido muito ou pouco, ela apresentará falhas em sua coordenação motora que geralmente não apresentaria se estivesse sóbria; contudo, ela terá a sensação de que nada lhe sai do controle.

O fato acima explica claramente o porquê de muitos acreditarem que estão em condições de dirigir mesmo após terem bebido. Porém, este é um grande erro, pois se aqueles que bebem, inclusive em pequenas doses, não conseguem perceber nenhum de seus erros, certamente serão incapazes de perceber seus erros ao dirigir, e estes, podem ser fatais.

Além dos malefícios já citados, há um outro bastante preocupante: a dependência que álcool pode causar. Esta dependência é conhecida como alcoolismo e se caracteriza por uma obsessão gradativa pela bebida que se instala lentamente no indivíduo até, nos últimos estágios, dominá-lo inteiramente.

Atacando uma em cada dez pessoas que bebem, o alcoolismo atinge indistintamente homens e mulheres, jovens e velhos, brancos e negros, ateus e religiosos, intelectuais e analfabetos, pobres e ricos, além de causar, pelo seu comportamento imprevisível, desajustes, angústias, privações e sofrimentos a todos aqueles que o cercam.

Embora ainda seja visto por muitos como um vício, o alcoolismo é uma doença. Uma terrível e fatal doença, colocada pela Organização Mundial de Saúde como um flagelo imediatamente abaixo do câncer e dos distúrbios cardíacos, entres as causas mais freqüentes em óbitos em todo o globo terrestre. Incurável, progressiva e de terminação fatal, leva seu portador inexoravelmente à loucura ou à morte prematura.

Algumas doenças provocadas pelo consumo de álcool: cirrose hepática, hepatite, fibrose, anemia, aumento de pressão sangüínea, lesões no pâncreas e estômago, entre outra

O ALCOOL E A FAMILIA


Falar do álcool e do seu consumo implica distinguir entre o consumo moderado e o consumo excessivo. Ao contrário de outras substâncias tóxicas, como a heroína e a cocaína, o álcool é uma substância em que se aceita um consumo moderado, em adultos saudáveis. A maior parte das famílias portuguesas lidam com esta substância de forma saudável, outras pelo contrário, sofrem os malefícios de uma substância que se assume como uma droga quando é consumida em excesso. Neste caso existem duas tipologias clínicas de problemas de consumo excessivo:
· o abuso
· a dependência ou alcoolismo
tendo respectivamente um aumento da gravidade e dos danos.

O abuso é hoje um padrão de consumo frequente nos adolescentes e jovens adultos, que se caracteriza pelo beber com intenção de ficar intoxicado e com alterações de comportamento. As famílias muitas vezes não estão sensíveis para este problema, desculpando e desvalorizando os consumos dos seus filhos e sem querer estão a incentivar e perpetuar um padrão de consumo de risco com danos claros para o próprio e para o sistema familiar, por exemplo, o álcool e a condução é a principal causa de morte dos jovens portugueses. Por outro lado temos o Alcoolismo ou Síndroma de Dependência Alcoólica, uma doença cada vez mais frequente em idades mais jovens, e nas mulheres.

Um doente alcoólico é uma pessoa que sofre e que faz sofrer aqueles que lhe são próximos afectivamente, é considerada uma doença do “sistema familiar”, pois todos são afectados, sendo que o seu tratamento também apela a uma abordagem de todo o sistema.

Em que áreas é que a família pode ser afectada pelo abuso de álcool?
· Área económico-social
Carências económico-sociais motivadas pela despromoção profissional e desemprego.

·
Área Relacional
Perturbações relacionais e deterioração progressiva da vida familiar, sendo frequente situações de:
Maus tratos físicos e psicológicos aos diferentes elementos do agregado;
Violações e situações de incesto;
Negligência nos cuidados aos filhos e nas responsabilidades parentais;
Rupturas do sistema familiar (separação, divórcio).

·
Na descendência
O lar do doente alcoólico é simultaneamente um lar patogénico e patológico, com graves repercussões sobre os restantes elementos, nomeadamente sobre os filhos. A instabilidade, a insegurança, o ambiente tenso e conflituoso, são características frequentes no ambiente familiar do doente alcoólico e que têm repercussões negativas ao nível do desenvolvimento das crianças que nele vivem e no desenvolvimento de patologias depressivas nos adultos. Quando é o pai o doente, estão comprometidas em termos psicológicos, a identificação com esta figura de referência. Quando é a mãe a doente, são frequentes situações de carência de afecto e de cuidados, negligência e abandono.
O ambiente patológico, e desestruturado em que vivem os filhos dos doentes alcoólicos em geral é responsável por muitas patologias infantis, nomeadamente:
- atrasos no desenvolvimento
- dificuldades na aprendizagem
- perturbações no comportamento
- insucesso escolar
- abandono escolar
- comportamentos desviantes
- Parentalização dos filhos; assumem responsabilidades dos pais (cuidam dos irmãos, das tarefas domésticas), e deixam de ser crianças.

Entre as acções directamente tóxicas do consumo excessivo de álcool sobre os filhos, deve-se distinguir as acções tóxicas pré-natais (consumo de álcool durante a gravidez) e que podem levar a abortos espontâneos, nascimentos da criança morta, partos prematuros, malformações que podem constituir o Síndroma Fetal Alcoólico. Por outro lado, temos as acções pós-nascimentos (ingestão de álcool durante a amamentação e durante a primeira infância), que provoca atrasos no desenvolvimento geral, para além de uma maior predisposição para desenvolverem uma doença alcoólica em idades muito precoces.


Quais os padrões de funcionamento mais comuns em famílias de alcoólicos?
· Falta de confiança
A família deixa de confiar no doente alcoólico que promete sempre que foi a última vez que bebeu em excesso. Os conflitos são frequentes independentemente do doente estar intoxicado.

· Irresponsabilidade
Os doentes alcoólicos são frequentemente negligentes em relação às responsabilidades familiares e sentimentos para com a família: passam muito tempo fora da família, não acompanham a educação dos filhos e gastam recursos económicos que fazem falta em outras áreas. Dependendo da fase de progressão da doença, chega a um momento em que o doente bebe para viver e vive para beber, tudo é pensado em função do álcool, que se assume como a prioridade da sua vida.

· Medo
A família vive o dia a dia em stress e medo permanente que o doente se embriague e a consequência disso nas suas vidas: chegar irritado, violento ou ter um acidente.

· Culpa
A família tende a culpabilizar-se secretamente pela situação de alcoolismo que assombra a sua família. Os filhos acham-se “maus filhos”, sendo por essa razão que o pai ou a mãe bebe.

· Solidão e isolamento
A lei do silêncio impera entre os vários elementos do sistema familiar; o álcool assume-se como o segredo da família e a comunicação entre os elementos fica perturbada, levando à solidão dos seus membros e ao isolamento social.

· Vergonha
O sentimento de vergonha leva a família a evitar contextos sociais, com receio do comportamento vexante que o familiar alcoólico poderá vir a ter. Esta vergonha é a razão que impede muitas famílias de pedirem ajuda e que contribui para o seu isolamento.

· Zanga, Mágoa
Sentimentos que vão-se instalando com o tempo de progressão da doença e que vão desgastando os elementos do sistema que se vêem impotentes perante o problema do familiar. A negação típica do doente alcoólico e a sua dificuldade em pedir ajuda desgasta a família ao ponto de levar à ruptura.


Tipos de ajuda para as famílias de doentes alcoólicos
Grupos de Auto-Ajuda
Grupos de Familiares e Amigos de Alcoólicos - Al- ANON
Tel. 21 216 03 97

Nestes grupos a família pode:
- Encontrar outras pessoas com os mesmos problemas
- Encontrar esperança em vez de desespero
- Melhorar a vida familiar
- Aprender a lidar com a doença alcoólica
- Recuperar a sua Auto-estima

Existem grupos para os filhos de alcoólicos: ALATEEN
Tel. 21 216 03 97


Instituições especializadas
Existem três centros regionais de Alcoologia no país (em Lisboa, no Porto e em Coimbra) que têm como função trabalhar na área da prevenção e tratamento dos problemas ligados ao álcool.
O Centro Regional de Alcoologia do Sul – CRAS, está situado em Lisboa e tem como área de intervenção a zona sul do país (Lisboa, Algarve e Alentejo) e é uma instituição que trata doentes alcoólicos, mas também apoia as famílias, aconselhando-as no sentido de ajudarem o familiar a procurar ajuda. São também realizadas palestras informativas dirigidas aos familiares.

Site: www.cras.min-saude.pt (Centro Regional de Alcoologia do Sul)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Raízes da violência


O sistema de segurança pública não funciona. Ponto.

As suas inconsistências são gritantes, como exemplo, fronteiras abandonadas, sistema policial confuso, sistema judicial paupérrimo e sistema penitenciário decrépito. O resto é conversa.

Agora, a sociedade também é responsável pelos índices crescentes de violência. Não há como negar.

A sua indignação (organizada ou não), quase sempre imputa responsabilidade a terceiro (políticos, policiais, etc.), mas não discute a sua inércia, a sua omissão e a sua tolerância.

Aliás, acredita em soluções mágicas e em seus ilusionistas, pois é mais fácil deixar a solução para os outros, não se envolver e não assumir compromisso. Por isso, é conveniente votar naquele que diz que simplesmente vai resolver, mas não vai. E todos sabemos.

O exemplo cabal da irresponsabilidade da sociedade (organizada ou não) é a questão das drogas.

A droga, que é uma das principais causas da violência, é assunto que os pais, as escolas, as empresas (patrões e empregados), enfim, que a sociedade teima em ignorar. Como se o assunto fosse da responsabilidade exclusiva da polícia e do juiz de Direito, em outras palavras, tem fé na força (repressão), mas não sabe quanto o policial ganha ou quantos juízes existem para atender toda população. Em suma, foge de qualquer responsabilidade.

O seu intencional desconhecimento sobre o universo das drogas (substâncias-homem-sociedade) é a certeza que o consumo será crescente, o que elevará os números da criminalidade.

É preciso reconhecer que o "mundo" familiar, escolar e comunitário podem ser fatores da ingestão de drogas. É duro. Mas é verdade.

Basicamente, quem consome drogas atende a duas necessidades: a busca de prazer ou a extinção do mal estar.

Relações familiares saudáveis, ambiente escolar dinâmico (atraente e preocupado com o aluno/ser humano) e comunidade organizada em favor da vida são imprescindíveis para evitar o consumo de drogas.

Portanto, são causas (fatores) do consumo de drogas: fatores pessoais, fatores interpessoais (familiar, escolar, etc.) e fatores ambientais. Tal classificação é provada à luz da realidade, basta pensar nos casos concretos de ingestão de drogas que conhecemos na nossa comunidade.

A sociedade na sua opinião conveniente não consegue reduzir a demanda de drogas, pois seria necessário abrir as suas entranhas, isto é, discutir o caos familiar, os pais omissos, os filhos folgados, as escolas desestimulantes etc.. Porém, além de não diminuir a demanda, ainda disponibiliza droga à vontade.

Pior, muito pior. Disponibiliza a droga-mãe, o álcool.

O álcool é a porta de entrada para as demais drogas psicoativas. Ninguém chega à maconha, à cocaína ou crack sem passar pela cerveja, pelo uísque e pelo vinho. Enfim, pelo álcool.

A sociedade teima em não aceitar que o álcool é droga. Talvez, não querendo admitir que precisa de uma droga para eliminar a sua sensação de mal-estar.

É preciso ficar bem claro: se não trabalharmos (como sociedade) a questão do álcool, não venceremos a questão das drogas. Por conseqüência, não diminuiremos o consumo das substâncias psicoativas e os índices de violência.

Hoje, o álcool (legal e tolerado) está presente na casa, na escola, nas festas e no trabalho. Um verdadeiro deus.

É triste concluir que a sociedade na sua omissão e conveniência tolera que a indústria da bebida faça de todas as famílias um depósito de consumidores de drogas. A propaganda da bebida alcoólica que massifica a idéia que o álcool é prazer, alegria, juventude, desempenho sexual e beleza é lançada nos lares brasileiros sem nenhuma rebeldia social.

Para diminuir o consumo de drogas temos que evitar o consumo do álcool (droga lícita), aliás, com isso diminuiremos os índices de doenças, de violência e de morte (sem falar nos gastos de dinheiro público), o que passa também pela alteração da lei 9.294/96 (Lei antifumo e de propaganda de produtos nocivos à saúde).

Numa conclusão simples: devemos proibir a propaganda de bebida alcoólica na televisão e no rádio (grifei).

As crianças e em especial, os adolescentes, não podem ser bombardeados com informações incorretas e lesivas aos seus próprios interesses, os pais brasileiros (e demais órgãos sociais) devem cobrar dos políticos (o ano eleitoral é ideal) para afastar a referida propaganda de todos os lares.

O complexo mundo das drogas, é somente um exemplo da necessidade da atuação da sociedade para resolver os seus problemas.

Não existirá solução para violência, para o consumo das drogas e para o aperfeiçoamento do aparelho estatal de segurança pública, sem participação da sociedade brasileira.

Certamente, a extinção das propagandas de bebidas alcoólicas na televisão e no rádio seria um grande início para a sociedade retomar as rédeas de seu destino.

Márcio Geron é juiz de Direito da Vara Criminal e Anexos da Comarca de Capanema./PR

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ja pensou??


1173145406_fEm algum momento bêbado da minha vida o grupo de pessoas com quem eu conversava comparava os gastos com bebida com bens. Assim:
- Eu já bebi um apartamento
- Eu já bebi um carro popular
- Eu já bebi um barco

Olha, eu já bebi bem. BEM. De gastar R$ 80 numa balada SÓ de bebida (R$ 8 cada caipirinha de sakê, bebi 10). Mas geralmente eu bebo coisa de pobre, e tento me controlar (a grana, pelo menos). Cerveja, principalmente, que é mais barata. Fora os milhões de rolês em que a gente paga R$ 10 pra entrar e bebe umas 15 latas de cerveja – pra não sair no prejú, lógico. hehe.
E também durante anos a bebida foi comprada em supermercado e a balada seguiu para a minha casa, o que é uma puta economia. E vamos lembrar do fato de eu ter começado a beber tarde.
Sendo assim, acho que eu bebi, sei lá, uma moto. Uma biz qualquer. Se pá usada.

E você, caro leitor?
Pare e pense um pouco. O quanto você já bebeu?